O Canto das Araras: Avistamento de Bichinhos no Pantanal Matogrossense

O centro-oeste brasileiro tem um dos cenários naturais mais belos do país, reconhecido mundialmente por sua vasta biodiversidade. Com suas planícies alagadas e vegetação, cada recanto é habitado por uma infinidade de espécies. Aqui, é possível encontrar desde pequenos mamíferos até uma multiplicidade de seres alados.

Turistas de todas as partes do mundo vêm à região com a esperança de observar de perto tipos emblemáticos, como a onça-pintada e as lindas araras. Essa prática, quando realizada de maneira consciente e responsável, contribui para a preservação da fauna local. Além disso, o contato direto com o meio ambiente promove uma sensibilização sobre a necessidade de proteger esses biossistemas únicos.

Entre os habitantes pantaneiros, os animaizinhos voadores destacam-se não apenas por sua beleza, mas também por seu simbolismo. Com suas plumagens coloridas e sons característicos, tornaram-se ícones pantaneiros. A presença delas é um verdadeiro espetáculo, proporcionando momentos inesquecíveis aos visitantes. Mais do que apenas um atrativo turístico, elas representam a vitalidade e a resiliência de um dos biomas mais importantes do planeta.

Um Paraíso para os Amantes da Natureza

Características gerais: localização e bioma

Abrangendo partes dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, um dos maiores ecossistemas úmidos do planeta,  esse território é caracterizado por suas extensas planícies alagadas, que sofrem inundações sazonais devido às chuvas intensas, criando um ambiente dinâmico em biodiversidade. Durante a estação seca, as águas recuam, revelando campos verdejantes e uma paisagem que muda constantemente ao longo do ano.

Destaque ecológico

A relevância do terreno vai além de suas fronteiras, sendo um dos pilares na manutenção do biossistema global. Funciona como uma grande esponja, regulando o fluxo de água e atuando na purificação dos cursos hídricos que percorrem a região. Além disso, a variabilidade de habitats – que inclui áreas inundadas, florestas estacionais e cerrados – permite que tenha uma vasta gama de categorias.

Temporadas ideais

A visitação varia conforme a estação do ano, cada uma oferecendo um espetáculo distinto. Durante a estação seca, que ocorre entre maio e outubro, as águas se retraem, concentrando os animais em áreas menores, o que facilita o avistamento de modelos icônicos como a onça-pintada e as capivaras. Este período é considerado o melhor para o turismo de observação, pois as estradas se tornam mais acessíveis e a fauna se torna mais visível. Por outro lado, a estação das chuvas, que vai de novembro a abril, cria um imenso espelho d’água, atraindo uma miríade de aves migratórias e criando belos cenários, embora com acesso mais limitado a algumas áreas.

A Beleza e a Simbologia Pantaneira

Espécies encontradas

Entre as araras mais conhecidas, destacam-se a azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus), a vermelha (Ara chloropterus) e a canindé (Ara ararauna). Cada uma dessas categorias possui características únicas, como a plumagem azulzinha ou as asas vermelhinhas, que contrastam com o verde da paisagem. Esses bichinhos desempenham um papel fundamental na dispersão de sementes para a regeneração das florestas locais.

Comportamento e habitat

As ararinhas exibem comportamentos sociais complexos, que podem ser observados em suas interações e nas vocalizações intensas que utilizam para se comunicar entre si. Vivendo em bandos, formam laços fortes com seus pares e demonstram uma notável inteligência, que se reflete em suas habilidades de adaptação ao ambiente. Habitam principalmente áreas de mata ciliar e buritizais, onde encontram alimento em abundância. Durante o dia, é comum vê-las voando em grandes grupos ou pousadas em árvores altas, de onde vigiam o terreno. À noite, procuram cavidades em troncos ou falésias para repousar em segurança.

O papel na cultura

Esses seres estão profundamente enraizados nas tradições locais, sendo frequentemente exaltadas em lendas, artesanatos e festividades regionais. São símbolos vitais de conservação, servindo como bandeira para esforços ecológicos. A movimentação de comunidades, ONGs e governos é necessária para proteger os habitats e pode ter como prioridade manter o equilíbrio da localidade.

Outros Bichos

Mamíferos: onça-pintada, capivara e anta

A onça-pintada (Panthera onca), maior felino das Américas, é um dos tipos mais icônicos e procurados pelos visitantes. Ela se move silenciosamente pelas florestas e campos e simboliza a força e o mistério da natureza selvagem. Embora seja uma criatura esquiva, com sorte e paciência, é possível encontrá-la em safáris noturnos ou nas margens dos rios, onde ela caça. Outro emblemático é a capivara (Hydrochoerus hydrochaeris), o maior roedor do mundo, que vive em grupos e é facilmente verificada às margens dos cursos d’água, onde se alimenta de vegetação aquática. A anta (Tapirus terrestris), maior mamífero terrestre da América do Sul, é frequentemente vista nas áreas de mata ciliar, onde ajuda a dispersar sementes por onde passa, desempenhando um papel vital na manutenção da diversidade vegetal.

Répteis: jacarés e cobras

Os jacarés, particularmente os tipos pantaneiros (Caiman yacare), são uma presença constante nas lagoas e rios regionais. Esses répteis, que podem ser vistos se aquecendo ao sol nas margens ou deslizando silenciosamente pelas águas, desempenham um papel crucial no controle populacional de outros tipos aquáticos. Além deles, há diversas espécies de serpentes, como a sucuri (Eunectes murinus), uma das maiores cobras do mundo, que habita os corpos d’água e pode atingir grandes comprimentos. Embora muitas vezes temidas, as cobras desempenham funções importantes, como o controle de roedores, e sua presença é um indicador do equilíbrio do ecossistema.

Aves: tuiuiú e gavião

Uma das mais emblemáticas da região é o tuiuiú (Jabiru mycteria), também conhecido como “jaburu”, que é o maior animalzinho voador da América do Sul e símbolo pantaneiro. Com sua envergadura e plumagem branca contrastando com o pescoço preto e vermelho, o tuiuiú é uma bela visão nas planícies alagadas. Outro notável é o gavião-pantaneiro (Busarellus nigricollis) que patrulha as áreas em busca de peixes e pequenos vertebrados. Além dessas, há outros seres de asas, desde pequenos passeriformes até grandes garças e colhereiros, cada uma contribuindo para a paisagem sonora e visual.

Sugestões para Avistamentos

Melhores horários e locais

O amanhecer e o entardecer são os períodos mais indicados, quando a fauna está mais ativa e as temperaturas são mais amenas. As araras, por exemplo, costumam sair de seus ninhos logo ao raiar do dia em busca de alimentos, retornando ao final da tarde. Locais como as margens dos rios, os buritizais e as áreas de mata ciliar são pontos privilegiados para observá-las em sua morada natural. No caso da onça-pintada e do jacaré, as chances de averiguação aumentam nas trilhas ao longo dos rios e em áreas onde a vegetação é mais densa. Contar com a orientação de profissionais experientes também faz toda a diferença, pois eles conhecem os melhores locais e têm um olhar treinado para detectar a presença dos bichos.

Equipamentos recomendados

É essencial estar bem preparado com os equipamentos adequados. Binóculos são indispensáveis para observar seres vivos à distância, permitindo detalhes que a olho nu seriam impossíveis de ver. Uma boa câmera, preferencialmente com lentes de zoom, é fundamental para capturar imagens em voo ou dos mamíferos escondidos na vegetação. Além disso, levar informações locais pode auxiliar a identificar e aprender mais sobre seus comportamentos.

Segurança e respeito

A segurança e o respeito à natureza devem estar sempre em primeiro lugar durante as atividades de avistamento no Pantanal. É importante manter uma distância segura para não interferir em seu comportamento. Usar roupas de cores neutras e evitar fazer barulhos excessivos ajudam a não espantar os animais. Além disso, respeitar as orientações e a sinalização é fundamental para evitar acidentes e preservar o ambiente. Lembrar de levar consigo todo o lixo produzido e optar por práticas verdes, como o uso de garrafas reutilizáveis, contribui para manter sempre limpo esse ecossistema frágil. 

Experiências Ecoturísticas

Excursões: barcos, safáris e trilhas

Há uma pluralidade de atividades de ecoturismo que permitem conhecer a fauna e a flora de maneira imersiva. Um dos passeios mais procurados é o passeio de barco pelos rios e corixos, onde é possível observar de perto jacarés, capivaras e vários bichos com asas. Esses passeios, geralmente realizados em pequenos grupos, permitem uma interação respeitosa com o ambiente, oferecendo uma visão única da vida selvagem aquática e ribeirinha.

Outro destaque são os safáris fotográficos, que levam os turistas por trilhas e estradas de terra em veículos 4×4 especialmente adaptados para a inspeção. Estes safáris, que muitas vezes incluem saídas noturnas, aumentam as chances de olhar a onça-pintada, que patrulha seu território sob a luz das estrelas. Além disso, há também as trilhas ecológicas, feitas a pé ou a cavalo, proporcionando uma conexão ainda mais íntima com a natureza, permitindo a visitação de áreas mais remotas e menos acessíveis.

Hospedagens: fazendas e pousadas

A localidade dispõe de alojamentos que adotam estadias confortáveis e verdes. Gerenciados por famílias locais, combinam o charme rústico com a preservação ambiental. As fazendas pantaneiras, conhecidas como estâncias, permitem que os viajantes vivenciem o dia a dia do homem pantaneiro, participando de atividades como a ordenha de vacas e cavalgadas pelos campos alagados.

Além das atividades agropecuárias, muitas dessas propriedades oferecem programas de reabilitação da fauna, permitindo que os hóspedes se envolvam em projetos como o monitoramento de ninhos e a soltura de animais. As pousadas, por sua vez, geralmente localizadas em áreas mais isoladas, focam em minimizar o impacto ambiental, utilizando energia solar, reciclagem e oferecendo alimentação orgânica, proveniente de suas próprias hortas.

A importância da conservação

O ecoturismo desempenha um papel importante no meio ambiente, auxiliando as comunidades locais e incentivando a preservação dos recursos naturais. A conscientização gerada por essas experiências impacta tanto os excursionistas quanto os moradores com projetos verdes, reservas privadas, pesquisas e o apoio a iniciativas de educação ambiental.

Dica Vibe Versátil

Chegando ao centro-oeste brasileiro

Para os viajantes que desejam excursionar pela localidade, a jornada começa nos aeroportos de Cuiabá (MT) ou Campo Grande (MS). Embora o caminho seja acessível, o roteiro pode cansar quem já enfrentou longas horas de voo e conexões. Nesses casos, uma parada estratégica para descansar nas capitais pode auxiliar a viagem na estrada na manhã seguinte. Em Campo Grande, aproveite para conhecer o Bioparque, popularmente conhecido como Aquário do Pantanal, um passeio que vale a visita.

Ao sair de Cuiabá, o destino final pode ser alcançado por diferentes rotas: a MT-060 leva a Poconé (cerca de 100 km), a MT-040 a Barão de Melgaço (um pouco mais de 110 km), e a BR-070 a Cáceres (220 km). Para quem prefere não alugar um carro, há ônibus disponíveis para essas localidades. Já no Mato Grosso do Sul, a BR-262 conecta o aeroporto de Campo Grande a destinos como Aquidauana (150 km), Corumbá (440 km), Miranda (218 km) e Porto Murtinho (440 km).

Conclusão 

Reflexão avifaunística

O avistamento de araras, com suas cores brilhantes e voos suaves, transcende a simples observação. É um encontro direto com a essência da vida selvagem, que desperta emoções de admiração e respeito pelo que é natural e intocado. Cada canto, cada movimento é um lembrete do quanto o espaço é vital para o meio ambiente.

A averiguação de outros animais que habitam esse bioma, proporciona uma conexão única com a biodiversidade regional. Essa imersão na vida selvagem, em um cenário que parece quase mítico, é uma experiência que deixa memórias duradouras.

Manutenção do território

A conservação é uma responsabilidade que transcende fronteiras, demandando esforços globais e locais. As inundações sazonais auxiliam a fauna e a flora, regulando o ciclo de vida de muitas espécies. A conscientização sobre a importância verde, aliada a práticas de ecoturismo, são essenciais para que as futuras gerações possam continuar a se maravilhar com a localidade.

Conhecendo e apoiando

O Pantanal merece ser descoberto e valorizado por todos. Ao visitar este paraíso, os turistas têm a oportunidade de contribuir diretamente para sua conservação. Cada passeio, quando realizado de forma consciente e respeitosa, possibilita ajudar projetos de proteção do ecossistema e de comunidades locais. Pode-se ainda auxiliar as ONGs que atuam na região divulgando a importância do biossistema regional.

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